Constelações de pequenos satélites: esse é o nicho no qual quer investir o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. Para isso, já está em busca de contratos para disputar um mercado de US$ 360 bilhões – segundo a Agência Espacial Brasileira (AEB), um valor que deve triplicar até 2040.
Segundo o presidente da AEB, Carlos Moura, por estar próximo à linha do Equador, o uso de Alcântara reduz os custos de lançamento em 30%. “O centro já possui a estrutura mínima neceessária, como plataformas, radares e sistemas de meteorologia. Será o grande chamariz para termos ao redor um conjunto muito grande de coisas, como indústrias”.
Entre os especialistas, as opiniões de dividem. Para o professor de pós-graduação em Design e Engenharia Aeroespacial da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Dino Lincoln, ouvido pelo site Tilt, “o mercado de grandes satélites vai entrar em crise nos próximos anos”, o que deve beneficiar o investimento em microssatélites.
Já para seu colega de universidade e doutor em Astrofísica e Técnicas Espaciais da Universidade Paul Sabatier (França), José Dias, “essa estratégia de rede num local longínquo não gera um parque naturalmente. Não faz sentido montar uma fábrica de componentes, por exemplo, próximo de onde um foguete é lançado. Isso não existe em lugar nenhum do mundo”, explicou.
Sem raízes
Quem também não partilha do entusiasmo da cúpula da AEB são as quase 800 famílias que moram perto da base. Mesmo que o governo negue que vá acontecer, o jornal Folha de S. Paulo publicou em 2019 extensa reportagem sobre o avanço nos planos de remoção de cerca de 350 famílias quilombolas.
Em 1983, os habitantes de 24 povoações foram levados para agrovilas, longe do litoral. “Muitos que moram lá passam necessidade porque não têm como pescar. E a terra também não é boa. A remoção acabou com a vida delas”, diz a moradora da comunidade de Mamuna, Maria José Pinheiro.
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Fonte: Tecmundo