De acordo com um novo estudo conduzido por cientistas do MIT – Massachusetts Institute of Technology –, é possível aplicar as Leis da Física para melhor entender as preferências de voto, avaliar a polarização e prever os resultados de processos eleitorais. Bem, pelo menos com relação às eleições que ocorrem nos EUA, porque os daqui do Brasil…
Os pesquisadores por trás do estudo descobriram que um modelo desenvolvido para descrever diversos fenômenos físicos – como o comportamento de materiais ferromagnéticos, por exemplo –, pode ser aplicado a certos sistemas eleitorais e ser usado para explicar como surgem as instabilidades políticas. Mais especificamente, esse modelo, conhecido como “Modelo de Ising”, é empregado quando diferentes partes de informação interagem aos pares produzindo efeitos coletivos, para demonstrar a existência de transição entre fases.
Pois bem! Como você deve saber, nos EUA, os políticos se dividem entre Democratas e Republicanos, e são os candidatos desses 2 grupos que se enfrentam a cada eleição. Os cientistas aplicaram o Modelo de Ising a dados coletados a partir de 1944, e descobriram que o processo eleitoral norte-americano passou por uma transição em 1970, quando os resultados deixaram de refletir o desejo da maioria dos eleitores e mergulharam em um período de maior instabilidade.
Os cientistas também examinaram levantamentos realizados em todas as eleições presidenciais nos EUA a partir de 1944, e empregaram uma combinação de machine learning e estudos conduzidos por pesquisadores para analisar os discursos dos Democratas e Republicanos, descobrindo que, de 1970 em diante, eles passaram de estáveis a dramaticamente mais polarizados.
Polarização
A partir dos anos 70, os cientistas notaram que pequenas mudanças de opinião entre os votantes geraram variações bastante significativas que acabaram por conduzir o desfecho das eleições para resultados mais extremos em qualquer das 2 direções políticas. Além disso, os pesquisadores também descobriram que essas intercorrências podiam se dar por conta de situações inesperadas – e os resultados das eleições podiam acabar apontando para a direção contrária à da preferência predominante dos eleitores.
Os pesquisadores chamaram esse efeito de “Representação Negativa” e explicaram que ele pode ser observado quando, por exemplo, os eleitores se veem na situação de ter de eleger entre um candidato da extrema-direita e um centro-esquerdista. Nos EUA, a população não é obrigada a votar, como aqui no Brasil, e, nessa situação hipotética, se a maioria tender mais para a esquerda, pode acontecer de mais eleitores decidirem não ir às urnas por achar que a eleição já está ganha. Com isso, os que votam na extrema-direita e são minoria podem acabar elegendo seu candidato por falta de participação dos eleitores da esquerda.
Com relação a como esse estudo pode ajudar os cientistas a prever o resultado das eleições, os pesquisadores disseram que, na Física, nem sempre é necessário conhecer todos os detalhes dos mecanismos investigados para prever com bastante precisão qual será o comportamento de um sistema ou o resultado de algo. Traduzindo isso para o comportamento dos eleitores, o time acredita que é dispensável conhecer a opinião ou motivação individual para conduzir uma análise acurada do comportamento coletivo.
Já sobre como reduzir o impacto da Representação Negativa, os cientistas concluíram que esse efeito está presente em todos os sistemas eleitorais instáveis e sugerem que uma forma de mitiga-lo seria não colocar os eleitores na situação de ter de votar no “menos pior” de 2 candidatos ou, ainda, motivar uma maior participação da população nas urnas, já que isso favorece a democracia e torna o processo mais estável. Mas os pesquisadores certamente fizeram essa sugestão sem examinar o que acontece por aqui nas eleições…
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Fonte: Tecmundo