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Crackdown 3 | Review – NerdBunker

“Até que enfim!” Esse é o grito (com mais palavrões, talvez?) que mais representa o lançamento de Crackdown 3 para o Xbox One e PC. Não à toa, afinal o game foi empurrado para frente por tantos anos que tinha gente achando até que ele nunca mais seria lançado. Pois bem, ele saiu da jaula – finalmente.

Talvez seja por isso também que o novo exclusivo da Microsoft tenha a aparência de um senhor idoso (até que conservado, mas ainda um velho). Ele é um sandbox de mundo aberto, com premissa simples, um sistema de jogo baseado no tiroteio em terceira pessoa, com uma quantidade ok de armas para utilização, inimigos aos montes, tudo embalado numa cidade meio mortinha, com suas torres altas esperando serem escaladas, neons bonitinhos e uma quantidade limitada de coisas para se fazer. É, eu disse limitada mesmo.

Futuro meio distópico, hologramas e ego nas alturas

Não é que eu tenha desgostado por completo do jogo, pelo contrário inclusive. Gostei bastante de ficar ali em Nova Providência lutando contra a milícia corrupta, salvando os inocentes de suas prisões, destruindo usinas químicas, o de praxe. O tiroteio é bem divertido, e acho que o motivo disso é pelo fato do jogo te fazer sentir como um semideus no meio de humanos sujos, que mesmo com tanques de guerra não conseguem sequer arranhar o seu escudo de energia. É mais ou menos a pegada de Saints Row (os mais novos pelo menos), mas com menos bugs, talvez?

Uma cidade nova, uma agência nova

Sob o pretexto de controlar Terry Crews dentro do mundo dos videogames, você incorpora o Agente Jaxxon, o cara mais massa do jogo. Tem um monte de outros agentes disponíveis para serem utilizados, mas não dá nem vontade de experimentar já que você pode escolher o ator do pai do Chris.

Ação vertical

Jaxxon precisa libertar Nova Providência das garras de Elizabeth Niemand, CEO da TerraNova, a multinacional que controla absolutamente tudo na cidade, da segurança dos seus moradores, ao transporte e também a indústria. Tudo meticulosamente criado e controlado pela grande vilã e seus asseclas.

Sua missão: acabar com a mamata. A premissa pouco inspirada não ganha fôlego extra na execução. Destruir bases quase sempre muito parecidas, expor todos os comandantes de área, eliminá-los em batalhas um tanto quanto similares, para assim enfraquecer a CEO da corporação. É o básico do básico e que já vimos em tantos outros jogos. Mas até hoje funciona bem em certo nível, não é? Se não funcionasse, não encontraríamos isso com tanta frequência.

A parte boa é que não é preciso ter jogado nenhum Crackdown anterior para entender a trama. É tudo novo e, para quem conhece a franquia, ela carrega alguns easter eggs que provavelmente muitos vão reconhecer na hora. Eu não sou uma dessas pessoas, já aviso de antemão.

Além dos músculos, ele é bom com computadores também

Além da matança desenfreada (você vai matar MUITOS soldados inimigos, até mesmo alguns aliados, se quiser), é possível investir seu tempo na escalada de torres de comunicação — um dos desafios de plataforma mais difíceis do jogo –, apostar corridas contra o tempo pelos telhados da cidade ou utilizando carros no bom e velho estilo GTA e procurar por orbs, as bolinhas que melhoram suas habilidades. Na moral, ficar caçando por elas é meio chatinho.

Por conta de um acontecimento na história do jogo, Jaxxon precisa encontrar o DNA dos seus falecidos companheiros. Com o DNA em mãos, ele assume a forma desses outros agentes, cada qual com um bônus específico para evoluir seus atributos. No entanto, não senti que as mudanças na jogabilidade faziam valer a pena trocar Terry Crews por qualquer outro.

Skills for Kills

O famoso “grind” dos RPGs japoneses é algo que sempre me faz dedicar horas extras nos jogos, seja para ficar mais forte ou para destravar algum golpe especial secreto aleatório que eu sei que nunca vou usar. Aqui temos um sistema um pouco diferente.

Seja recompensado por jogar como quiser

Crackdown 3 possui o Skills for Kills, que, na prática, faz com que seu personagem evolua apenas o que o jogador utilizar com frequência. Ao todo são cinco atributos que você pode evoluir: agilidade (verde), força (vermelho), armas de fogo (azul), explosivos (amarelos) e direção (roxo), e cada nível adquirido lhe garante um bônus na categoria. Novas armas, veículos, pulos mais duradouros, dashes aéreos, etc.

Provavelmente isso foi o que mais me prendeu dentro de Crackdown 3. A sensação de subir de nível rapidamente me fazia querer completar todas as suas categorias. Não só isso, a progressão na busca pelos comandantes através das destruições de instalações passa tão rápido durante o game que parece que na hora que vamos sair da primeira parte do jogo, ele está para acabar.

Como um bom representante de TOC, gosto do meu mapa homogêneo. Aquele monte de ícone esperando ser finalizado me faz querer ficar no jogo por mais tempo. Acontece que terminar tudo que o jogo tem a oferecer é relativamente rápido. Provavelmente você acabe o jogo antes de alcançar o nível máximo dos seus atributos. Mas e aí? O que fazer depois?

Criar um jogo novo e começar tudo de novo? Crackdown 3 oferece algo parecido com um new game +, a chance de você começar tudo de novo, mas preservando suas habilidades evoluídas. A campanha é tão curta que dá até para se considerar brincar de speed run nesses mapas zerados, mas dificilmente alguém vai dedicar tanto tempo assim ao jogo.

Assim que eu gosto, todo azul

É no multiplayer que o bicho pega

Ou pelo menos era o que eu achava. Wrecking Zone é o tão aguardado mutliplayer de Crackdown 3, e ele deveria ser responsável por entregar uma nova forma de jogar, destruindo tudo em tempo real com a ajuda do sistema da Nuvem, um dos motivos do adiamento do jogo por tanto tempo.

Com exceção de algumas mudanças no visual dos mapas e a inserção de um novo modo de jogo, o jogo dá a impressão de que ainda não foi lançado oficialmente. O modo multiplayer, que é um executável diferente do jogo, tem um menu de seleção bastante desprovido de funções, não possui modos de disputa (ranqueados e casuais, por exemplo), por consequência não possui um sistema de ranqueamento de jogadores (a não ser o do término de cada uma das partidas) e não nos deixa criar um time com amigos.

Wrecking Zone

Faz muito tempo desde que joguei pela última vez algo online sem qualquer tipo de recompensa para o jogador. É como voltar no tempo (num sentido ruim) e experimentar os primórdios dos jogos online tudo de novo.

Funciona? Até que funciona. A destruição e as partidas estão exatamente como no teste, talvez com um pouco mais de lag, divertem por um tempo, mas com certeza vão se tornar obsoletas. Afinal são apenas dois modos de jogo (5×5), um mata-mata entre times e outro para proteger áreas designadas do mapa. Um tanto decepcionante.

Pode parecer que estou apenas reclamando das coisas, mas preciso dizer que não desgrudei os olhos de Crackdown 3 desde o momento que comecei a jogá-lo. Sabe “guilty pleasure”? Talvez seja isso o que sinto pelo game. Não me estressei em nenhum momento da campanha, fiz praticamente tudo que era preciso fazer para enfrentar a última chefe sem que ela viesse com poderes extras (derrotar seus comandantes deixa a batalha final mais fácil) e até realizei as sidequests de corridas malabaristas (coisa que nunca faço). Provavelmente nunca mais vou jogar esse jogo na vida, mas não me senti enganado.


Fonte: Jovem Nerd