Crackdown 3 está batendo aí na sua porta. Um dos grandes exclusivos do Xbox One para 2019, o novo game da franquia quer ser atraente tanto aos veteranos quanto aos novatos, que vão experimentar pela primeira vez todo o universo futurista e utópico do jogo ao lado de um novo agente, igualmente alterado biologicamente para ser superior aos humanos normais.
À convite da Microsoft, fomos até San Francisco para experimentar uma versão praticamente pronta de Crackdown 3, e como marinheiro de primeira viagem, pois nunca havia experimentado um título da série até então, digo tranquilamente que fui pego de surpresa durante os testes e não queria devolver o controles após algumas horinhas de jogatina.
Originalmente previsto para ser lançado em 2016, o game passou um tempo na geladeira até finalmente ser confirmado para o próximo dia 15 de fevereiro, com lançamento em disco e também no serviço Gamepass da Microsoft.
De acordo com Joseph Staten, diretor criativo sênior do Microsoft Studios, Crackdown 3 incorpora muito dos elementos já vistos nos demais jogos, mas de uma forma aprimorada. É fácil perceber isso logo de cara com o visual, que não abandonou o conceito original de cel shading, que foi atualizado, misturando texturas e iluminação como poucos conseguiram de forma eficiente.
O que eu quero dizer é que Crackdown 3 está bem mais bonito pessoalmente do que nas imagens apresentadas na internet. O neon das luzes, dos displays holográficos presentes na própria roupa de Jaxxon, personagem principal interpretado por Terry Crews, contrastam bem com o “chapado” do cel shading, criando camadas de animação que se fundem com perfeição.
Inicialmente, fiquei preocupado em não entender a trama, por estar entrando só agora nesse universo, mas fui tranquilizado por Staten:
Apesar de ser uma sequência, a história não é continuação de nada. Claro, teremos alguns easter eggs para os fãs antigos, referências espalhadas pelo mundo, mas estamos numa nova cidade, com um novo elenco de vilões, não é preciso conhecer absolutamente nada da história antiga para mergulhar em Crackdown 3.
Por falar em Terry Crews, é possível utilizar a sua versão digital tanto na campanha single player quanto no multiplayer. É possível escutar a sua voz proferindo certos verbetes como “Fuck gravity”, quando pulamos de um lugar mais alto que o convencional para um humano normal. No entanto, não tivemos muitos momentos de conversinhas durante a demonstração especial.
Crackdown 3 se apresenta de forma redondinha, tudo funcionando quase perfeitamente — em determinado momento do teste, fui “atropelado” por um carro que estava parado, simplesmente porque encostei em seu parachoque dianteiro; física bacana, um bom peso no personagem, combates divertidos e uma certa interação com o cenário já esperada.
A campanha principal do jogo pode ser jogada da maneira que quiser. “Se for o caso de andar uma linha reta direto para o chefão final logo no início do jogo, sim, você pode fazer isso”, me contou Staten. Assim como você, eu já ouvi uma afirmação semelhante em outra ocasião, e mesmo naquela época isso não me abalou nem um pouco. Qual a vantagem de ir direto para o último chefe sem os recursos necessários para enfrentá-lo?
O diretor criativo deu um pouco mais de contexto:
Se você quiser, logo do primeiro momento em que for jogar se arriscar na torre do chefão final do jogo, abrindo caminho pela cidade e chegar logo de cara ao conteúdo final do jogo, ele [o jogo] não vai te impedir.[…] A história de Crackdown 3 é dividida em pedaços de trama que ficam ali esperando você fazer certas coisas para ela se apresentar. De certa forma eu acho que ele é bastante diferente dos demais jogos de mundo aberto, e se você está bastante familiarizado com o game design dos jogos modernos, a sua reação inicial pode ser “Espera aí, por que o jogo não está me dizendo para onde eu devo ir? Eu devo fazer todas essas escolhas sozinho?
O que dá para se tomar como lição é que a campanha não necessariamente segue uma ordem. Na prática isso é legal porque você pode ir realizando os desafios de acordo com a sua vontade, subindo de nível e destravando novos inimigos. Do ponto de vista narrativo, continuo vendo isso como o grande problema da maioria dos jogos de mundo aberto, mas vida que segue.
Cada chefe do jogo é ligado diretamente a um tipo de desafio. Por exemplo, destruir as bases de comunicação geram pontos para destravar um chefe específico daquele ponto de controle. O mesmo vale para os campos de concentração dos rebeldes, as garagens, as usinas químicas, etc. É possível terminar o jogo sem enfrentar alguns chefões? Segundo a declaração ali em cima do Staten, sim.
Todas essas missões e desafios acontecem no seu ritmo, sem muitos solavancos e de forma a lhe passar um senso de tarefa cumprida. Sabe aqueles jogos que te induzem a cumprir todas as conquistas? Tipo isso, é gostosinho de jogar.
Outra coisa que me chamou a atenção durante os testes: Skills for Kills (habilidades para matar, numa tradução bem simplista). Resumindo, o sistema de evolução de habilidades em Crackdown 3 funciona assim: se você usa algo, esse algo evolui. Prático e eficiente, lembra bastante o formato dos jogos da série Tales of (os melhores JRPGs, mas isso não vem ao caso), em que você precisar usar os golpes especiais para eles subirem de nível.
Armas variadas, granadas, seus punhos, veículos, qualquer artifício que você utilize constantemente durante o jogo será recompensado no decorrer da aventura. Os principais elementos da sua “build” são agilidade, armas de fogo, explosivos, direção e força.
O elemento multiplayer
Crackdown 3 não se trata apenas de um mundo aberto e uma campanha para um jogador. O elemento multiplayer está presente e segue suas próprias regras, criando uma competição que deve chamar a atenção até mesmo daquele jogador que não se dá muito bem com miras em jogos de tiro (este cara sou eu).
Completamente diferente da campanha principal, aqui vemos um jogo mais verticalizado que o normal. Isso porque as batalhas acontecem no meio de grandes construções e terrenos desnivelados. É quase um mapa feito para brincar de pega-pega, mas com armas letais e que podem destruir completamente o terreno do jogo.
Manter-se sempre em movimento parece ser o caminho da vitória. Isso e claro, saber por onde abrir caminho para alcançar um ponto específico dentro do mapa. O jogo ainda exige a habilidade do jogador, mas desta vez em outra esfera de comprometimento. A mira é automática, uma vez travada no adversário, ela o persegue pelo resto do jogo. Sabemos que estamos ferrados quando uma linha ilusória que serve de guia para a sua mira fica vermelha. Se ela está transparente, não há perigo iminente.
O diretor criativo explicou a ideia por trás disso:
O sistema de travamento de mira não é algo raso, colocado apenas para facilitar a vida do jogador. Há uma profundidade a ser explorada ali, diferente de, por exemplo, um jogo em primeira pessoa.
O jogador precisa ser habilidoso na locomoção. Escalar prédios, utilizar os pulos duplos com sabedoria, usar o dash para se esconder numa quina, destruir prédios para atrapalhar o avanço do adversário, tudo isso é mais importante que mirar. E estamos falando de um jogo de tiro em terceira pessoa!
Staten, como um pai orgulhoso do jogo, comentou:
Essa destruição total das arenas do multiplayer é o que eu considero uma das características únicas do jogo. Da nossa parte trabalhamos duro para entregar certas tecnicalidades para fazer esse modo funcionar como queríamos. Além do desafio técnico, também experimentamos algumas opções diferentes de design, algumas ideias que queríamos testar para ver se elas eram realmente divertidas. Levamos um tempo para chegar lá, mas acho que conseguimos entregar um modo com muitas inovações, tanto na parte técnica como também novidades em termos de mecânicas de jogo.
Infelizmente, na oportunidade de teste que tivemos só fomos apresentados a um mapa e um modo de jogo, o mata-mata entre times. E mesmo pessoas que nunca marcaram números positivos num jogo competitivo de tiro (como eu) podem se dar bem em Crackdown 3.
O sistema de cloud em que o jogo se baseia fazia com que toda a destruição fosse perfeita e funcionasse igual para todos os jogadores da partida. Só que assim, estamos falando de um ambiente controlado, consoles ligados em rede, etc. A prova real do multiplayer de Crackdown 3 vai acontecer apenas no seu lançamento. E espero que tudo dê certo para ele.
Enfim, Crackdown 3 está chegando, e logo você vai poder tirar suas próprias conclusões sobre o próximo lançamento exclusivo da Microsoft.
Fonte: Jovem Nerd