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Crítica: Justiceiro começa bem, mas derrapa em sua 2ª temporada na Netflix

Quando o Justiceiro apareceu na segunda temporada de “Demolidor”, havia um projeto da Netflix ser um casa para os heróis de rua do Marvel Studios e o anti-herói deixou um boa impressão — além do potencial para virar uma série própria. E isso aconteceu, com um ano de estreia cheio de altos e baixos, mas bastante promissor.

Uma continuação era uma questão de tempo. Ela veio um pouco “atrasada”, após a broxante decisão da Netflix de desistir de “Punho de Ferro”, “Luke Cage” e “Demolidor”, deixando “Jessica Jones” e “Justiceiro” com um futuro bastante incerto no serviço de streaming.

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Mesmo assim, o segundo ano chegou com a promessa de mais uma boa encarnação na pele de Jon Bernthal. E isso aconteceu, com um começo alucinante. Mas… A coisa toda desandou lá no final. Confira abaixo os destaques.

Uma pitada de  faroeste

Bem, como sabemos, ao final da primeira temporada, seu grande amigo de Forças Armadas, Billy Russo (Ben Barnes), revela-se como o assassino da família de Castle. A vingança é servida de forma brutal e Russo fica com o rosto todo desfigurado, o que o deixa próximo de sua contraparte de papel, o vilão Retalho.

Eis que entra em cena a psiquiatra Krista Dumont (Floriana Lima), que trata do rapaz, agora todo desmemoriado e preso à uma cama de hospital, com uma máscara à la “Manhunt”. Enquanto ele tem pesadelos com uma certa caveira, aos poucos vai se lembrando do que aconteceu — diga-se de passagem, nessa série ninguém dorme direito.

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Já Castle vive como um herói anônimo de faroeste, pulando de cidade em cidade meio sem propósito, sob a alcunha de Pete Castiglione. Quando pensa que as coisas estão melhorando, ao conhecer a bela bartender Beth (Alexa Davalos), entra em cena a jovem Rachel/Amy (Giorgia Whigham), que se mete em encrencas com um padre barra-pesada chamado de John Pilgrim (Josh Stewart), envolvido com a máfia russa.

Jon Bernthal realmente assumiu o posto de Frank Castle

Hugh Jackman, Robert Downey Jr., Ryan Reynolds, Jason Momoa… Todos esses atores mostraram que quando você assume personagens tão queridos como sua segundo pele, a história naturalmente vai favorecer suas atuações e os fãs vão seguir. Jon Bernthal se tornou Frank Castle, criou uma voz e movimentos para ele — todas as cenas de ação são feitas por ele mesmo.

A ferocidade e os combates, muito bem coreografados e cheios de impacto, são o ponto alto da série. Ver o Justiceiro se tornando o anti-herói que conhecemos dos quadrinhos é lindo, com direito à toda ultraviolência (propositalmente banalizada) que vem nesse pacote. Tudo o que você pensa ao vê-lo enchendo geral de porrada é: “ainda bem que ele está do nosso lado”.

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Um dos melhores episódios, senão o melhor, é o que ele mostra toda sua habilidade em uma homenagem ao clássico “Assalto à 13ª DP”, de John Carpenter, que gira em torno de grupos em conflito em uma delegacia de polícia.

Boas referências dos quadrinhos

Quem acompanha as revistas, sabe que os melhores momentos do Justiceiro estiveram nas mãos dos roteiristas Chuck Dixon e Garth Ennis — sim, ele também foi bem tratado pelo seu criador, Gerry Conway, e por nomes como Howard Mackie e Jason Aaron. A boa notícia para quem vai ver essa segunda temporada é que há bastante influência dos quadrinhos.

Aqui, Castle está menos impulsivo (nem tanto, ok) e mais metódico, mais preparado para o combate, com o Justiceiro de Dixon em suas guerras contra gangues em Nova York. Aliás, a maneira como ele manipula o submundo, pensa como os vilões, mas age como anti-herói é uma dessas características.

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De Ennis, a atração empresta todo o pano de fundo militar e personagens como Curtis Hoyle (Jason R. Moore), que também serviu como Russo ao seu lado. O vilão Pilgrim, uma espécie de “padre pistoleiro” (alguém aí também se lembrou de “Preacher”?) é algo também bem comum nas tramas criadas pelo roteirista irlandês.

Mudança de antagonista atrapalhou um pouco

Se Curtis e Rachel/Amy foram bem no apoio a Castle, o mesmo não se pode dizer da agente especial Madani (Amber Rose Revah). Tanto sua parte na trama quanto sua atuação ficaram abaixo da média e o antagonismo com a psiquiatra Dumont e Russo — que todos esperavam ser mais oponente de Castle do que de Madani — deixou a trama um pouco arrastada e até mesmo um pouco perdida antes dos capítulos finais.

Por conta disso, a conclusão se diluiu em mais capítulos do que deveria e até mesmo a bem-vinda aparição de Karen Page (Deborah Ann Woll) ficou um pouco ofuscada. Aliás, a falta de contato com o Universo Cinematográfico Marvel ou até mesmo com os outros heróis de rua da Netflix pode desapontar quem gostaria de ver o Justiceiro mais integrado às outras histórias e personagens.

Vale a pena?

Os quatro episódios iniciais são muito bons e daí em diante a série oscila um pouco, com um final que deve dividir opiniões. Todos os assuntos que tornam essa versão tridimensional e verossímil do Justiceiro bastante interessante, acabam se resolvendo de uma forma mais simplista e preguiçosa.

Os temas como morte/vida, fundamentalismo religioso, extremismo, violência, ética e moral, que arranham os subtextos de vários personagens, acabam ficando na superfície, sem o aprofundamento que parecia estar sendo construído. Para ter uma ideia, até mesmo o plot inicial com Beth (lembra da bartender?) é completamente esquecido, sem mais nem menos.

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A cena final chega a lembrar um filme dos anos 80 e das encarnações de Dolph Lundgren ou Thomas Jane. Ou seja, se você é fã do personagem e gostou da primeira temporada, vale ver até o final, mas não exatamente pelo que ele entrega — e sim pelo caminho construído até ele.

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Fonte: Tecmundo