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Devil May Cry 5 | Review

Devil May Cry 5 foi anunciado durante a E3 2018 e as expectativas eram altas para que ele desse continuidade a uma das franquias mais conhecidas e amadas da Capcom.

Em meio a combos impossíveis, reviravoltas da história, a volta de personagens amados e a chegada de novos, o jogo conseguiu cumprir o que prometeu, baseado em três pilares: saishinsaikousaikyou.

Michiteru Okabe, produtor do game, nos contou em uma entrevista que esses foram os três principais aspectos na hora da criação de Devil May Cry 5. Saishin significa “o mais recente”, saikou é “a melhor experiência” e saikyou é “o mais doidão” — e maluquice é o que a gente pode esperar de um jogo como esse.

Saishin

Devil May Cry 5 é o jogo mais recente da franquia, chegando onze anos após o lançamento de Devil May Cry 4. No meio do caminho, em 2013, houve a tentativa de fazer um reboot, apresentando o mesmo conceito de caçadores de demônios com uma nova roupagem e um visual novo, mais moderno, chamado de DmC: Devil May Cry. O jogo não foi bem recebido pelo público geral, sofrendo muitas críticas por mudar o visual e a personalidade de Dante, o que lhe rendeu o apelido de “Donte” entre os fãs.

Apesar de Hideaki Itsuno, o diretor da franquia, ter expressado seu desejo de fazer um segundo jogo de DmC, o que recebemos foi Devil May Cry 5, uma continuação direta da história de Nero e Dante, protagonistas de DMC 4. O jogo também traz referências a seus antecessores e até mesmo a outros desdobramentos da franquia, como o anime de Devil May Cry e até mesmo histórias contadas em light novels, livros que só foram publicados no Japão.

Os gráficos desse novo capítulo da franquia ficam por conta da RE Engine, mesma usada em Resident Evil 7 e no remake de Resident Evil 2. Além de deixar o visual mais realista, a utilização desse motor gráfico também possibilitou alterar as feições dos personagens, deixando-os mais detalhados e expressivos.

E não é porque o visual está mais próximo do realismo que a fantasia macabra que temos nos outros jogos da franquia se perde: em Devil May Cry 5, os monstros estão mais feios e nojentos do que nunca (e isso é um elogio!).

Saikou

A experiência entregue por Devil May Cry 5 é intensa. Os três personagens jogáveis — Nero, V e Dante — apresentam armas, estilos e combos bem diferentes entre si, e é difícil enjoar de bater nos demônios que aparecem no caminho quando se tem tantas opções para exterminá-los.

A jogabilidade de Nero é semelhante à de Devil May Cry 4, com a grande diferença de que ele perdeu seu braço demoníaco e agora usa diversos braços mecânicos, que não parecem ser tão poderosos quanto o original, mas que definitivamente são mais versáteis e fazem coisas diferentes como, por exemplo, impulsionar o Nero no ar ou parar o tempo por um curto período.

V é o personagem inédito de Devil May Cry 5. Envolto em mistério, ele é quem apresenta as mecânicas mais diferentes dos três protagonistas: ele praticamente não ataca, deixando que seus companheiros demônios façam o trabalho pesado. Ainda que não ataque, V precisa finalizar os inimigos, que podem voltar a vida caso o jogador não seja rápido o suficiente. É necessário se mover cautelosamente durante as batalhas para conseguir causar dano com os animais, que são controlados pelo jogador, finalizar os inimigos e ainda sair ileso.

É claro que o veterano Dante não poderia ficar de fora, e jogar com ele é divertidíssimo. O filho de Sparda tem uma grande variedade de armas para usar tanto no combate corpo-a-corpo quanto à distância, além de quatro estilos de luta distintos — Trickster, focado em mobilidade; Royal Guard, focado em defesa; Swordmaster para o combate corpo-a-corpo e Gunslinger para o combate a distância. Todos esses anos como caçador de demônios realmente fizeram com que Dante dominasse várias técnicas.

No começo, o jogo apresenta as dificuldades Human e Devil Hunter. Recomendada para quem já está familiarizado com a franquia, a Devil Hunter apresenta um bom grau de desafio sem frustrar (muito) o jogador — até mesmo os mais experientes podem sofrer um pouco para derrotar alguns monstros, como é o caso da Death Scissor, inimigo que fez sua estreia no primeiro Devil May Cry.

Há muitas habilidades para comprar usando os Orbes Vermelhos, a principal moeda do jogo. Embora você tenha que comprar boa parte das habilidades para cada personagem, melhorias de vida e barras de poder são compartilhadas entre os protagonistas.

O enredo tem uma boa dose de zoeira e de fanservice, e abre mão de entregar os acontecimentos na ordem cronológica para garantir o impacto de algumas cenas. Datas e horários na cena inicial de cada missão evitam que os jogadores fiquem perdidos, e a tela de carregamento mostra uma linha do tempo com todas as missões.

A trama é uma continuação direta dos jogos anteriores e faz referência a eles em diversos momentos, então é bastante recomendado assistir ao vídeo da tela inicial que resume os quatro games antes de embarcar na jornada de Devil May Cry 5.

Além da campanha principal, que dura cerca de quinze horas, o jogo oferece uma série de missões secretas que podem ser encontradas ao longo das fases. Apesar de não serem obrigatórias, as recompensas são valiosas, como pedaços de Orbe Azul — juntando quatro fragmentos é possível desbloquear uma barrinha de vida extra.

Saikyou

Definitivamente, esse é o Devil May Cry mais maluco de todos. É possível surfar em cima de um dos braços de Nero, o Punchline; Dante usa uma motocicleta para atacar e V precisa gerenciar três demônios ao mesmo tempo. E isso é só o começo.

Dante encontra várias opções de armas em seu caminho, e protagoniza algumas das melhores cenas do jogo com elas, além de referenciar algumas piadas recorrentes feitas pelos fãs da série.

Outra personagem que colabora para aumentar a dose de maluquices do jogo é Nico, a mecânica/inventora/armeira que faz os braços para Nero e dirige a van da Devil May Cry por lugares que você não imagina que ela consiga chegar — uma das grandes diversões do jogo é chamar a Nico e ver de onde ela vai surgir com a van.

game se esforça para entregar uma surpresa atrás da outra, seja na narrativa ou no gameplay, e, apesar de alguns pontos da trama não serem tão surpreendentes assim, é sempre muito divertido encontrar uma nova arma, testar um novo braço ou ver as discussões entre os personagens.

Chuuni

Na entrevista, o produtor Okabe falou que a equipe por trás de Devil May Cry 5 gostaria de ensinar uma nova palavra japonesa para o mundo: chuuni.

Ele explica o chuuni como algo “muito maneiro que bota fogo no coração dos jovens”, seja isso uma moto que se transforma em uma arma, braços mecânicos com poderes explosivos ou lutar contra demônios num geral.

Devil May Cry 5 acerta em todos os pontos — saishin, saikou, saikyou e chuuni — e entrega uma narrativa que brinca com seus próprios fãs, um gameplay variado e fluido, personagens carismáticos e batalhas estilosas e exageradas — tudo o que um bom Devil May Cry deve ter.


Este review foi feito com uma cópia para Xbox One da versão deluxe do jogo, cedida pela Capcom.

Devil May Cry 5 será lançado em 8 de março de 2019, para PlayStation 4, Xbox One e PC, com legendas em português.


Fonte: Jovem Nerd