O Facebook encerra sua pior temporada desde que nasceu, em 2004, do mesmo jeito que começou: envolvido em polêmicas sobre invasão de privacidade. Uma matéria do The New York Times caiu como uma bomba nos corredores da companhia, que já vem tendo que se explicar como a rede social favoreceu estrategicamente parceiros no mercado ao oferecer mais dados dos usuários da plataforma até 2017.
Documentos apontam acordo “diferenciados” com mais de 150 empresas
Desta vez, o buraco é mais embaixo, já que um acordo permitiu que o Netflix, o Spotify e o Royal Bank of Canada, que podiam ler, escrever e até mesmo apagar as mensagens dos usuários. O Spotify tinha acesso às conversas particulares de nada menos do que 70 milhões de pessoas. Os novos documentos investigados pelo The New York Times revela pactos semelhantes com outras 150 empresas, das quais a maioria faz parte do setor tecnológico.
Amazon, Sony, Microsoft e Yandex tinha acesso nomes e endereços de e-mail por meio do seus contatos no Facebook — embora grande parte dessa movimentação tenha sido restringida em 2014. Em troca, a gigante varejista de Jeff Bezos, por exemplo, teria fornecido à rede social listas de contatos para sugerir conexões aos usuários.
Facebook admite que praticava essas ações
A rede social se justifica dizendo que muitos dos logins compartilhados entre as empresas servia para facilitar o uso conjunto das plataformas pelos próprios usuários. Ela escreveu o seguinte, em seu blog oficial:
Rede social diz que concessões eram feitas para melhorar a experiência do usuário
“Os parceiros tiveram acessos às mensagens? Sim. Mas as pessoas tinham que concordar explicitamente com isso no Facebook ao usar o recurso de mensagens. Por exemplo, o Spotify. Depois de acessar sua conta do Facebook na aplicação desktop Spotify , você pode enviar e receber mensagens sem sair do aplicativo. Nossa API forneceu aos membros acesso às mensagens do usuário para aprimorar esse tipo de função.”
Tanto a Netflix quanto o Spotify disseram não saber que tinha acesso tão profundo aos dados dos usuários do Facebook. A Amazon se defendeu dizendo que o trato não violava sua política de privacidade, pois os próprios clientes concordam com tal ao sincronizar a conta com a companhia de Mark Zuckerberg. A Microsoft afirmou ter tomado as medidas necessárias para garantir que os dados obtidos não fossem usados para criar perfis utilizados em publicidade.
Fonte: CNN
Ex-funcionários da Federal Trade Comission (FTC), agência independente do governo dos Estados Unidos responsável por regular o mercado, asseguraram que esses acordos teriam violaram regras impostas ao setor.
Um ano para esquecer
Logo no começo de 2018, o Facebook enfrentou a primeira das maiores adversidades que a plataforma enfrentou na temporada: o escândalo Cambridge Analytica expôs a maneira com a rede social agia na surdina com os dados de usuários e provocou uma série de mudanças na plataforma e no mercado. Mark Zuckerberg teve que dar muitas explicações e viu as ações da companhia caírem vertiginosamente — embora o preço dos papeis tenha se recuperado ao longo dos meses.
Em setembro houve uma grande brecha, que comprometeu 50 milhões de contas e neste mês fotos privadas de 6 milhões de usuários foram expostas para apps. Também foram descobertas atitudes questionáveis em emails confidenciais, que revelaram favorecimento de certos parceiros.
Tudo isso levou os acionistas a pedirem o afastamento de Zuckerberg da presidência do conselho da companhia e milhares de usuários já debandaram da rede social — inclusive há até mesmo um movimento chamado #DeleteFacebook. E, ao que parece, 2018 parece longe de terminar para o Facebook, pois esses eventos devem ainda trazer muita dor de cabeça para a empresa no novo ano que se aproxima.
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Fonte: Tecmundo