O The Reveal teve acesso a documentos internos do Facebook que detalham como a empresa conseguiu dinheiro através de transações comerciais com crianças anos atrás. De acordo com os documentos, os próprios funcionários do Facebook estavam preocupados com o fato de estarem enganando crianças que acumulam centenas e – às vezes milhares – de dólares em cobranças de jogos.
Para quem não lembra, em 2012 o Facebook lutou contra uma ação coletiva que alegava que a empresa estava lucrando graças às crianças que acidentalmente acumulavam enormes taxas de cartão de crédito. Na época, o autor principal do caso estava jogando no Facebook quando pediu o cartão de crédito de sua mãe emprestado para fazer uma compra de U$20 no jogo. Segundo os advogados, os pais acreditaram que a criança estava fazendo compras utilizando uma “moeda virtual”, o que fez com que várias dívidas fossem feitas no mesmo cartão por semanas sem perceber.
Quando receberam a conta, a mãe da criança solicitou que o Facebook reembolsasse o valor, dizendo nunca ter autorizado qualquer cobrança além dos U$20 originais. No entanto, a empresa nunca devolveu o dinheiro, forçando a família a entrar com uma ação judicial para conseguir o valor de volta.
O caso foi encerrado em 2016 de força confidencial, mas o The Reveal solicitou judicialmente que esses documentos fossem divulgados por trazerem informações importantes sobre as transações comerciais da rede social com menores de idade. Na última segunda-feira, o tribunal concordou em liberar alguns desses registros, dando ao Facebook o prazo de dez dias para disponibilizar mais de cem páginas ao público.
Adicionalmente, o The Reveal relatou que em um dos documentos liberados dois funcionários do Facebook são registrados discutindo sobre devolver ou não o dinheiro para uma criança – a quem eles chamam de “baleia” – que acumulou U$6.545 em cobrança de um jogo na rede social. Ao final da discussão, ambos decidem não reembolsar o valor.
Vale lembrar ainda que, embora os pais estivessem cientes de que seus filhos estavam jogando no Facebook, a maioria não acreditava que a criança poderia realizar compras sem autorização ou não sabia que os jogos continuavam a cobrar. De acordo com os registros, o Facebook não conseguiu fornecer uma maneira eficaz para os pais desavisados contestarem as cobranças realizadas.
Visto que a rede social vem passando por vários escândalos nos últimos anos, como vazamento de dados de usuários e postagens de notícias falsas, a divulgação desses documentos internos deve esclarecer ao público como o Facebook lida com seus usuários e clientes que confiam seus dados pessoais, mesmo que os jogos sejam somente uma parte de tudo isso.
Fonte: Voxel