O aniversário de 10 anos de League of Legends trouxe uma enxurrada de novas informações sobre projetos que estão em desenvolvimento na Riot Games.
Com jogos, histórias em quadrinhos, clipes musicais e até mesmo uma série animada confirmados, o universo de League of Legends está se expandindo rapidamente em várias direções — e tudo ao mesmo tempo.
Greg Street, também conhecido pelo nick de Ghostcrawler, tem o trabalho de assegurar que todas as equipes de desenvolvimento estejam alinhadas quando o assunto é retratar Runeterra. Como vice-presidente das propriedades intelectuais da Riot, é ele quem garante que tanto a equipe do LoL quanto a do Legends of Runeterra estão retratando os personagens da mesma forma, além de conferir se a visão mostrada nos quadrinhos e animações também estão seguindo a mesma linha.
Durante uma conversa descontraída no escritório brasileiro da Riot Games, ele comparou o seu trabalho ao de um controlador de tráfego aéreo, que tem que se certificar de que tudo aconteça na ordem certa e no lugar certo.
Para exemplificar o tipo de problemas que podem surgir na hora de unificar conteúdo de diferentes equipes, Street revelou que teve que escolher entre duas versões da mãe da Lux, personagem de League of Legends. “Elas não pareciam a mesma pessoa em nada, então não podíamos transformar as duas versões em uma só“, disse, relembrando que escolher uma das duas não foi uma tarefa fácil. E esse não foi o único caso: a campeã Senna teve diversas versões antes de chegar até a que foi para o jogo.
Inspiração na Marvel
Uma das principais inspirações em seu trabalho é a Marvel, não pelas sagas cinematográficas ou pelos heróis super poderosos, mas sim pela quantidade de propriedades intelectuais e a liberdade que a empresa tem para usá-las:
Nós queremos ser como a Marvel. Eles possuem centenas e centenas de ideias que podem usar a qualquer momento. Não tivemos tempo para gerar tudo isso ainda, mas sabemos analisar aonde cada personagem está indo.
Street comentou um pouco sobre o processo de escolha dos conteúdos tanto para os games quanto para outras mídias, revelando que o calendário de lançamentos geralmente é montado de acordo com os eventos que envolvem o jogo, como foi o caso do grupo True Damage:
Sabíamos que o Mundial seria em Paris, e sabemos que o hip hop é bastante popular na França e em outros lugares. E se fizéssemos um grupo de hip hop, como seria isso no estilo League of Legends?
Além da escolha musical, surgiu também a ideia de trabalhar com uma marca para trazer a moda das ruas de Paris para dentro do jogo. Então, a Riot firmou uma parceria com a marca Louis Vuitton, que criou o estojo para o troféu da competição e também a versão de prestígio da skin da campeã Qiyana.
Se no começo a ideia da Riot era fazer tudo sozinha, hoje em dia o cenário está completamente diferente. A empresa busca parcerias com marcas como a própria Marvel, que foi a responsável pelas histórias em quadrinhos da Lux e da Ashe, lançadas também em formato físico. “Aprendi muito sobre o mercado de quadrinhos mundial“, contou Street. “Agora sei como o público brasileiro consome quadrinhos“.
O quadrinho da Lux ganhou uma capa variante aqui no Brasil, assinada pela artista Adriana Melo, que já trabalhou em HQs de Star Wars, Aves de Rapina e Ms. Marvel.
Separando a história do jogo
Agora que estão focados em expandir as histórias dos personagens e do mundo como um todo, é necessário estabelecer melhor as motivações que movem Runeterra, e isso trouxe um assunto a tona: conflito.
Para contar boas histórias, é necessário haver um risco ou a história fica rasa, como se não houvesse consequências e nada de ruim pudesse acontecer.
Tais consequências podem ser, por exemplo, a morte de algum personagem. “Acho que, no fim das contas, esse é o tipo de coisas que vamos querer pensar novamente“, disse Greg, e completou comparando mais uma vez as narrativas que estão criando com as da Marvel: “Se você olhar para os super-heróis da Marvel — eles morrem, outra pessoa pega o manto“.
Mas ainda não é hora de ficar bravo porque, ainda que algum personagem realmente morra na história, ele continuará nos jogos. A trama faz parte do jogo, mas há uma separação entre o que é contado e o que está disponível dentro do game — o campeão não vai simplesmente sumir.
Conteúdo extra
Apesar dessa abundância de conteúdos extras em outras plataformas e outras mídias, não será necessário acompanhar todos os lançamentos do universo expandido de Runeterra. Greg afirmou que essa é uma das preocupações da empresa:
Não queremos que nossos jogadores se sintam obrigados a ir em todos os lugares e a consumir tudo. Se eles quiserem é ótimo, mas eles não devem se sentir obrigados.
Para que isso possa ser concretizado, as equipes buscam maneiras de cativar o público para que ele tenha interesse em consumir o conteúdo em outras mídias — como, por exemplo, a versão mobile de League of Legends, que, apesar de suas similaridades com o MOBA para computadores, terá mudanças específicas — podendo até receber alguns campeões antes do jogo original: “Não está decidido, mas não ficaria surpreso se, no futuro, algum personagem saísse no mobile antes”.
Os anúncios feitos na comemoração de dez anos de League of Legends são apenas a ponta do iceberg dos projetos que estão em desenvolvimento dentro da empresa, e podemos esperar ver novidades em breve. Com o Riot Forge, selo de publicação de jogos focados em narrativa, a empresa busca aumentar ainda mais seu alcance, expandindo os horizontes e levando o universo de LoL para outras plataformas:
Não somos leais a uma plataforma, ou fazemos jogos para consoles ou mobile, não somos leais a um gênero, porque queremos criar games de muitas maneiras diferentes. […] Só queremos ser autênticos para os jogadores, queremos dar a eles algo que vai empolgá-los.
Resta saber se a empresa conseguirá mantem a empolgação do público até o lançamento dos jogos e projetos — por enquanto, nenhum deles tem uma data específica para chegar.
Fonte: Jovem Nerd