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Fiscais da prefeitura fazem vistoria para recolher material “impróprio” na Bienal

Na noite de ontem (5), o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, determinou que os organizadores da Bienal Internacional do Livro Rio recolhessem livros com “conteúdos impróprios para menores”, após ter tomado conhecimento de uma cena de beijo entre dois heróis em uma página de Vingadores – A Cruzada das Crianças, uma HQ de 2010 voltada para o público adolescente e adulto.

A organização do evento literário decidiu não acatar a decisão e disse que era um espaço democrático e que dá voz à todos os públicos. Reforçou ainda os consumidores que adquirirem obras que não os agradem, podem solicitar a troca, como manda o Código de Defesa do Consumidor.

A questão parecia encerrada, até por conta de as edições de Vingadores – A Cruzada das Crianças terem esgotado com o aumento da procura do público. Mas no início da tarde dessa sexta (6), cerca de 15 funcionários da Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) chegaram à Bienal Internacional do Livro, para recolher livros considerados “impróprios”.

Prefeito do Rio tenta proibir HQ dos Vingadores na Bienal

Em entrevista ao jornal O Globo, Wolney Dias, subsecretário operacional da SEOP, disse que era uma “vistoria em busca de material pornográfico” e que não entendia a ação como censura.

A prefeitura tem poder de polícia para isso. Se o material não estiver seguindo as recomendações, ele será recolhido. Estamos seguindo a orientação da procuradoria da prefeitura. Eu não entendo que haja censura. Se for material pornográfico, oferecido sem as normas, será recolhido.

No Twitter, o autor Paulo Coelho debochou da operação e indicou onde o prefeito poderia encontrar um de seus livros, que teria conteúdo sexual:

Diversas editoras também manifestaram repúdio a qualquer ato de censura:

 

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Diante da censura feita por Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, ao quadrinho “Vingadores: A Cruzada das Crianças” e da fiscalização para identificar livros considerados “impróprios” na Bienal do Livro Rio, a Companhia das Letras manifesta seu repúdio a todo e qualquer ato de censura e se posiciona, mais uma vez, à favor da liberdade de expressão. “Ficamos orgulhosos com a posição da organização da Bienal do Rio em defesa da liberdade de expressão e da diversidade. Ela mostra com dignidade a vocação e vontade dos editores. Posturas como a do prefeito Marcelo Crivella e do governador João Doria – que recentemente mandou recolher uma apostila escolar que falava sobre diversidade sexual – tentam colocar a sociedade brasileira em tempos medievais, quando as pessoas não tinham a liberdade de expressar suas identidades. Eles desprezam valores fundamentais da sociedade e tentam impedir o acesso à informação séria, que habilita os jovens a entrar na fase adulta mais preparados para uma vida feliz. Essas medidas, mais a suspensão do edital que daria apoio a produção de filmes LGBTQ+ por parte do governo federal, indicam uma perigosa ascensão do clima de censura no país – flagrantemente inconstitucional – e que traz a marca de um indesejável sentimento de intolerância discriminatória”, diz Luiz Schwarcz, CEO e fundador da Companhia das Letras #leiacomorgulho

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Fonte: Jovem Nerd