Na mesma pegada de Toy Story, o universo de Pets é baseado na pergunta que todo mundo já se fez: “o que será que meu bicho de estimação faz quando deixo ele sozinho em casa?” Caso você já tenha pensado sobre isso, o primeiro filme da franquia é um prato cheio super divertido e que pode ser revisitado várias vezes. Entretanto, Pets – A Vida Secreta dos Bichos 2 não é nem de longe tão cativante e, embora até que seja legal para as crianças, para os pais é um fardo muito maior de ser assistido.
A vida do cachorrinho Max (Danton Mello) e seu amigo Duke (Tiago Abravanel) parece perfeita. Mas, é claro, algo acontece que promete revirar a vida dos dois. Katie (Sylvia Salusti Ozônio), a dona do protagonista, conhece um cara bem legal e tem um filho, Liam, causando certo estresse em Max. No começo, ele tem medo de que o bebê vá machucá-lo, mas aos poucos cria um senso de proteção tão grande com a criança que o deixa em constante estado de pânico.
Perturbado e inseguro com tudo – indo parar até em uma clínica psiquiátrica para animais -, Max recebe uma notícia que parece animar a família inteira: uma viagem de carro! Pena que ela se prova mais assustadora do que deveria. Estabelecidos em uma fazenda, o cãozinho da cidade conhece Galo, um cão de pastoreio bruto e defensor da liberdade, que a todo momento coloca Max fora de sua zona de conforto, incentivando que ele amadureça e seja mais corajoso de uma forma um tanto quanto insensível.
Diferente do primeiro filme no qual os outros animais de estimação se aventuram juntos do protagonista, aqui cada um deles tem uma missão própria. Gigi (Tatá Werneck), a cadelinha que tem um crush por Max, perde o brinquedo favorito do amigo e tem que se arriscar no apartamento da “velha dos gatos” para pegá-lo de volta. Já o coelho Bola de Neve (Luis Miranda), simplesmente acredita que é um super-herói e se envolve numa missão maluca de resgate de um tigre branco, escravizado em um circo. Este último enredo soa ligeiramente fora de tom tanto em comparação com o primeiro filme quanto com as outras linhas narrativas. É quase como se fosse um spin-off destoante.
Apesar de ser um longa fofo e agradável, tem pouco a dizer. Parece ser um daqueles famosos casos que uma sequência não era necessária, mas o filme original fez tanto sucesso que monetariamente era quase uma obrigação para o estúdio continuar produzindo – aliás, é questão de tempo até anunciarem uma terceira parte.
Por um lado, é um deleite para as crianças. Cores leves, chamativas e fortes, piadas bobinhas, animação com uma qualidade impecável. Por outro, não é um desenho com um propósito de ensinar nada. Dificilmente uma criança sairá da sessão tendo aprendido algo novo. E, embora para os pequenos não faça tanta diferença, alguns pais podem até se incomodar com certo desserviço na história de Max e Galo. Afinal, convenhamos, se você tem um transtorno mental, como parece ser o caso de Max e seus ataques de ansiedade, a solução não é apenas ser corajoso e forte.
Ao contrário do primeiro filme, que foi uma grata surpresa em 2016 e quebrou vários recordes, Pets – A Vida Secreta dos Bichos 2 perde densidade em relação aos seus personagens e soa menos inteligente e perspicaz em suas piadas. Talvez pela escolha de separá-los em diferentes missões, até mesmo o senso de camaradagem entre eles parece menor. Não é terrível, pelo contrário, até que um bom passatempo. Mas, quando você olha no retrovisor e vê a qualidade muito superior do primeiro longa, percebe que a produção desse precisava de mais força para ter o mesmo impacto.
Fonte: Jovem Nerd