Imagine viver em um país onde sua conduta é mais importante do que o dinheiro na sua carteira, onde você pode receber benefícios por ser um “bom cidadão” ou ser proibido de fazer coisas básicas, como viajar, por não pagar multas ou impostos. É esse sistema que está conduzindo a vida de muitos chineses atualmente, e o resultado tem sido, no mínimo, controverso.
O polêmico programa de crédito social chinês deu o que falar quando foi iniciado. Com cara de “Black Mirror”, o sistema ainda está se expandindo por todo o território nacional, beneficiando aqueles que têm mais crédito, que é adquirido por compras online, com o pagamento de dívidas e boas atitudes do dia a dia — os moradores são vigiados por milhares de câmeras com reconhecimento facial espalhadas pelo país.
(Imagem: Reprodução/The New York Times)
Os chineses com pouco crédito têm empréstimos limitados, matrículas proibidas em algumas escolas e são impedidos de assumir cargos públicos. Ademais, a compra de 17,5 milhões de passagens aéreas e 5,5 milhões de bilhetes de trem foi negada a esses cidadãos, segundo um relatório anual do órgão governamental responsável.
Abuso de privacidade
A criação do sistema de créditos é um claro mau uso do enorme avanço da capacidade de hardware e inteligência artificial, mas o governo chinês justifica a existência do sistema como uma forma de melhorar o comportamento em sociedade. Além dos problemas de privacidade, não há transparência sobre as regras impostas, tampouco são divulgadas formas de recuperar pontos perdidos.
(Imagem: Reprodução/Reuters)
Companhias e comerciantes também são afetados pelo sistema. Quando listados como “não confiáveis”, podem perder acordos com o governo e direito a empréstimos ou serem proibidos de importar produtos. A prática já foi criticada internacionalmente, inclusive pelo vice-presidente estadunidense, Mike Pence: “É um sistema ‘orwelliano’, com a premissa de controlar todos os aspectos da vida humana”, fazendo referência aos conceitos criados por George Orwell.
Fonte: Tecmundo