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Testamos Project Resistance, um multiplayer assimétrico que parece não entender seu gênero

Project Resistance é um multiplayer assimétrico para cinco pessoas, que aposta na mistura de elementos de cooperação e competitividade online dentro do universo de Resident Evil — ou mais especificamente, do remake de RE2.

Testamos o jogo por duas horas, a convite da Capcom, para entender melhor seus sistemas e mecânicas que se baseiam em um esquema 4v1, em que quatro jogadores são sobreviventes e precisam escapar de um mapa, enquanto o quinto é o vilão que tenta impedir a fuga e matá-los.

Cada sobrevivente tem uma classe específica, o que garante habilidades diferentes. Samuel, o DPS, pode socar os inimigos; Tyrone, o híbrido de DPS e tanque, atordoa os zumbis mais fortes; Valerie, a curandeira, marca pontos de interesse; e January, a hacker, atrapalha os comandos do vilão.

A ideia é que os quatro jogadores se ajudem o tempo inteiro, ou será derrota na certa. Isso porque o objetivo é superar um enigma simples (que consiste, basicamente, em encontrar e interagir com itens ou terminais específicos) em cada uma das três áreas até a saída. Para avançar em direção ao próximo local, é preciso que todos estejam juntos em um lugar específico.

Essa exigência de cooperação em equipe é algo que acaba sacrificando boa parte da diversão de um multiplayer assimétrico, cuja principal característica é justamente dar liberdade para os jogadores agirem como quiserem, porque é isso que quebra a monotonia da repetitividade que, nesse gênero em específico, é algo iminente.

Friday the 13th: The Game e Dead By Daylight, por exemplo, são jogos do mesmo estilo que fazem isso muito bem — se você jogou um deles, já deve ter escapado só porque deixou o amiguinho se ferrando lá atrás, não é mesmo? É por isso que não é nada divertido que alguém dite como você deve se comportar em um jogo assim (além disso fazer as partidas ficarem quase idênticas).

Outro elemento que acentua mais ainda esse tropeço são as áreas extremamente pequenas que, depois de duas ou três jogadas, você já sabe de cor onde estão todos os cômodos, itens e terminais.

Já os comandos do Mastermind, que consistem em adicionar inimigos e obstáculos para os sobreviventes, funcionam bem. É preciso pensar em estratégias para realmente atrapalhá-los, além de gerenciar pontos para colocar diferentes zumbis, cachorros e até o Mr. X no meio da galera.

Para usar os elementos da franquia, o jogo esqueceu as características mais fortes do gênero, como a liberdade dos jogadores, que é essencial para as partidas terem mais possibilidades, e áreas maiores para que haja mais equilíbrio entre as limitações dos sobreviventes e as vantagens do vilão.

O game ainda reutiliza todos os comandos, mecânicas, recursos e até inimigos do remake de Resident Evil 2, contando com pouquíssimas novidades, cujos destaques ficam para a clássica Erva Amarela e à uma nova classe de morto-vivo. Essa reciclagem dá a impressão de que é um projeto um tanto preguiçoso e mal trabalhado — o que acaba sendo confirmado ao jogar.

Nas duas horas que testei, me diverti nas primeiras partidas. Mas a partir da quinta ou sexta, já sentia que tinha visto tudo que o game tinha a oferecer, e a repetitividade começou a cansar.

Project Resistance ainda não tem data definida para lançamento, e os desenvolvedores prometeram que vão ouvir o feedback dos jogadores para melhorar os sistemas. Mas, ao meu ver, o modo precisaria de uma reformulação que vai muito além de novos personagens ou mapas — o que, a essa altura, já não parece mais possível.

Project Resistance será lançado para PlayStation 4, Xbox One e Steam em algum momento de 2020.


Fonte: Jovem Nerd