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Tradutores brasileiros e apaixonados pela Terra Média falam sobre Christopher Tolkien

Christopher Tolkien era o terceiro filho de J.R.R Tolkien e responsável pela publicação de boa parte das obras do pai após a morte do criador da Terra Média, em 1973. Apaixonado por literatura e pelo universo criado por seu pai, Christopher, apesar da idade avançada, trabalhava ativamente nas obras da Terra Média.

Sem o empenho e trabalho árduo de Christopher Tolkien, não teríamos acesso a nenhuma obra publicada após a morte de J.R.R Tolkien — um trabalho que durou décadas.

Ronald Kyrmse, tradutor de 13 obras de Tolkien no Brasil, inclusive as novas edições de O Senhor dos Anéis, Contos Inacabados e Beren e Lúthien, comenta sobre a importância de Christopher:

Os tolkienistas do mundo estão consternados. Grande parte do fascínio que as obras de J.R.R. Tolkien exercem sobre os leitores (e por que não dizer, sobre os que tomaram contato com elas pelas adaptações no cinema) se deve ao fato de que seu filho Christopher passou quatro décadas editando as obras do pai, em um trabalho filosófico detalhado e amoroso.”

Desenhou mapas, datilografou e revisou textos, cooperou com a obra ainda em vida do pai. Depois da morte deste, em 1973, foi responsável pela publicação de muitos livros, que consolidaram a fama de Tolkien pai como… o “pai” da ficção fantástica. Executor literário, e ele mesmo hábil escritor, fará uma falta imensa. Descanse em paz. Namárië.

“Metade da Terra-média era de J.R.R. Tolkien e a outra metade era do filho, Christopher”, diz Cesar Machado, cofundador do canal Tolkien Talk no YouTube e consultor tolkienista para a editora HaperCollins Brasil.

Graças a ele e seu esforço imensurável, hoje temos livros e mais livros para nos aventurarmos. Ele nos deu campos para cavalgar os poderosos cavalos noldorin, mares misteriosos para navegar com os resolutos navios de Númenor e também nos trouxe clareiras nas Florestas de Descanso. Christopher Tolkien acima de tudo, conseguiu completar a grande missão de sua vida: publicar os Três Grandes Contos da Primeira Era e O Silmarillion. Desta forma, realizou o desejo de seu pai e pode fazer sua Passagem para o Oeste com o coração leve.

“Um chuva torrencial cai agora enquanto redijo estas palavras, acho que o céu fala por mim. Em nome de todos os moradores da Terra-média eu lhe digo hantalë (obrigado) e namárië (adeus) querido Christopher.”, se despede Machado.

Já Reinaldo José Lopes, tradutor de A Queda de Gondolin, O Silmarillion, O Hobbit e Árvore e Folha (ainda não lançado), pela Harper Collins, destaca, entre outras coisas, a importância do trabalho de Christopher quando o pai ainda vivia:

Ele foi um dos primeiros críticos literários do pai, como criança e depois, como jovem adulto, quando ele estava na Real Força Aérea Britânica, recebendo, pelo correio, os capítulos de O Senhor dos Anéis conforme eles eram escritos.

“E, depois da morte do Tolkien, o que ele fez, resgatando uma quantidade imensa, quase inimaginável de manuscritos que o Tolkien produziu, colocando isso em ordem, reunindo, tentando entender a história textual, quer dizer, como os textos foram mudando ao longo do tempo, com os mínimos detalhes (…) O único adjetivo que corresponde ao trabalho do Christopher é hercúleo. É absurdo o que ele fez desde a morte do pai. A gente que vai começar a trabalhar nos 12 volumes da História da Terra Média no Brasil, a gente vê muito de perto o tamanho e o cuidado do trabalho do Christopher.”

Mais detalhes sobre a morte de Christopher Tolkien ainda não foram revelados. O anúncio foi feito pela Tolkien Society, pelo Twitter.


Fonte: Jovem Nerd