O ano passado foi a pior temporada do Facebook e o ano começa com mais uma polêmica envolvendo a companhia, desta vez com os telefones da Samsung. O Bloomberg afirma que usuários com Galaxy S8 — e alguns outros da sul-coreana que já vem com o app da rede social embutido — não têm conseguido tirar o software do aparelho.
A única opção encontrada foi de desabilitar o aplicativo. Mas, aí ficam as dúvidas: por que não deixar que os proprietários o retire dos dispositivos e quem garante que, mesmo desativado, o programa não continua garimpando e enviando dados para a central?
Um porta-voz do Facebook disse que a versão inativa do app age como se tivesse sido excluída, por isso não continua coletando ou enviando informações para a base — embora não hajam explicações ou esclarecimento da companhia a respeito disso. Esse mesmo contato afirmou que a possibilidade de remover ou não o software depende de vários acordos de pré-instalação que a companhia faz com os fabricantes de smartphones, sistema operacionais e operadoras de telefonia móvel — e isso inclui a Samsung.
A rede social se recusou a fornecer uma lista dos parceiros com os quais tem ofertas de aplicativos permanentes, dizendo que os contratos variam por região e tipo. Não há uma lista completa disponível online e os consumidores só conseguem saber se o Facebook vem pré-instalado e não pode ser removido caso perguntem aos funcionários encarregados pela venda — e talvez nem mesmo eles saibam.
Defesa do consumidor está de olho nesse tipo de ação
A Sammy informou que fornece o app do Facebook pré-instalado em modelos selecionados, com opções para desativá-lo e, uma vez desligado, ela garante que o aplicativo não continua sendo executado em segundo plano.
A desenvolvedora Jane Manchun Wong, famosa por destrinchar linhas de códigos de diversos apps famosos, afirmou que há uma certa “reação exagerada” neste caso, pois o app embutido pela Sammy serviria apenas como uma “casca vazia”, que só age como a rede social quando o aplicativo é instalado, atualizado e está ativado.
This is my take for clearing out some technical misconceptions when it comes to OEM Android apps. It’s easy to be paranoid because it’s Facebook, but thinking the app will still spy on you even it’s just a stub / been disabled is a bit of overreaction
— Jane Manchun Wong (@wongmjane) 8 de janeiro de 2019
Os grupos de defesa dos consumidores estão de olho nesses tipos de acordos há anos e iniciativas como a Regulamentação Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR, em inglês) vêm para monitorar abusos das companhias sobre a privacidade e a proteção dos dados. Vale destacar que não é somente a Samsung que instala previamente apps que não podem ser removidos. Fabricantes como T-Mobile, LG, Sony, Verizon e AT&T também possuem parcerias semelhantes — e própria Google costuma fazer isso na maioria dos aparelhos com Android.
Jeff Chester, diretor executivo do Center for Digital Democracy, acredita que é preciso pressionar mais as companhias. “Apenas recentemente as pessoas perceberam que esses aplicativos realmente agem como um espião em seu bolso. As empresas deveriam documentar publicamente esses acordos e o Facebook deveria entregar publicamente os relatórios que comprovam que não há coleta de dados quando o aplicativo é desativado.”
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Fonte: Tecmundo